#Mulheres2016: Autonomia Carcerária



Letícia Alexandra

"Todas as vitórias ocultam uma abdicação.” – Simone de Beauvoir. 

Uma data universal em reconhecimento à resistência da mulher proletária, explorada e oprimida, foi vociferada por Clara Zetklin na Conferência de Mulheres Socialistas em 1910. Hoje reconhecida como “Dia Internacional da Mulher”. 

Zetklin acreditava que a libertação feminina só se torna possível com a libertação de toda sua classe. Quando comparado na atualidade, as mulheres são assalariadas, muitas possuem o próprio negócio, estão na faculdade e têm seus direitos resguardados por Lei. Dessa forma, qual a real permanência de uma data “especial”? 

Chimamanda Ngozi Adichie deixa uma grande lição em seu livro “Sejamos todas feministas”, por mais que existam mulheres em posições bem quistas, a exceção não faz a regra. Nas palavras da autora “Wangari Maathai, ganhadora do prêmio Nobel da paz, se expressou muito bem e em poucas palavras, quando disse que quanto mais perto do topo chegamos, menos mulheres encontramos”. 

Segundo estatística da fundação Perseu Abramo em parceria com SESC, a cada dois minutos cinco mulheres são espancadas no Brasil, em 2014, foi estipulado pelo 9º Anúario Brasileiro de Segurança Pública que a cada 11 minutos temos uma vítima de estupro – ressaltando que os registros levados em conta são apenas os de boletins de ocorrência. 

As mulheres são diariamente vítimas de violência física, institucional, psicológica e sexual. Esta última na materialização da mercantilização da vida. Muitos são os homens a favores da liberdade feminina, quando esta se vincula na exploração corporal. Alexandra Kollontai, 1920, em O Comunismo e a Família retrata com sumidade o alívio da maternidade quando lutamos contra a servidão doméstica, além da maior das maldições afirmadas pelo sistema capitalista alinhado ao patriarcado: a prostituição. 

Neste contexto, os 1440 minutos do dia 8 de Março somam-se a tantos outros de luta para nós mulheres, aprisionadas em um sistema que permeiam falsa liberdade, todos os nossos dias são de voz contra uma sociedade machista que só se lembra da nossa luta em colunas jornalísticas para o Dia Internacional das Mulheres, dando a nós redatoras, oportunidade de fala ignorando-nos nos restantes 365 dias do ano.


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Letícia Alexandra é de Curitiba, tem 19 anos, estuda Psicologia e segue o feminismo interseccional

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