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Mostrando postagens de setembro, 2017

Entrevista com Deus

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(Terminam os comerciais. Entra a vinheta de abertura do programa) Apresentador : Pronto, pessoal, voltamos! E agora voltamos com tudo, porque nosso convidado é mais do que especial! (Fala em tom de suspense) (Plateia) : oooooh! Apresentador : Sim, é isso mesmo! As coisas mais belas desse mundo e as maiores atrocidades humanas já foram feitas em nome Dele. Por causa dele pessoas mudaram suas vidas e outras mataram inocentes. Deus , Alá, Brahma, Senhor ou Jeová dependendo da religião, é talvez a figura mais controversa da história. Milhões de crenças no mundo pensam ter a fórmula correta para chegar a ele. Em nome dele igrejas são abertas diariamente. Líderes enriquecem e pessoas simples empobrecem. Para chegar ao nosso convidado as pessoas criam cultos, rituais, magias, caminhos e uma infinidade de formas de alcançar o divino. Mas será que é tão difícil assim esse contato? Nossa produção foi pesquisar, e o resultado é algo totalmente inesperado. Olha só! (Toca a vinheta

Silêncio também é música

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Imagine se numa orquestra todos tocassem o tempo inteiro juntos. Seria algo horrível de se ouvir! Já pensou trompetes com violoncelos, violinos com percussão, tubas e flautas, todos fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo? Arre, não quero nem imaginar.  Sabe o que faz da música algo agradável e magnífico? Sabe o que faz Mozart ser tão apreciado? Chopin ser tão aclamado? Villa Lobos estudado e seguido por milhares de jovens sonhadores? Não, não são os acordes bem escritos e pensados harmonicamente; não são as escalas desenhadas perfeitamente para aquele ou esse instrumento; não são os intervalos de terça, de quinta, que fazem o jogo de notas serem mais do que bolinhas pretas e brancas numa partitura; não são as expressões italianas que parecem fazer mágica ao marcarem mudanças de andamento tão sensíveis à audição; não é a mudança de um “ afetuoso ” para um “ agitato ”, ou de um “ cantabile ” para um “ scherzando ”; não, não é a mudança de compasso nem a armadura da clave, nem os

Igual a Todo Mundo

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As pessoas fazem de tudo para serem diferentes. Mudam visual, adotam um novo estilo, aderem à tribos. Até mesmo os mais “comuns”, os “normaizinhos” batem no peito para exaltar as características, mesmo que poucas, que os difere dos outros. Querem se destacar da multidão. Querem ser vistos com outros olhos, de um jeito especial. Alguns, na tentativa de se destacar dos demais, passam a vociferar palavras de ódio contra uma “sociedade morna”, que “faz tudo igual”. Atacam o “comportamento de boiada” e dizem que só os que são diferentes é que tem sucesso na vida. Querem por toda maneira serem reconhecidos por não serem iguais aos demais.  Eu não. Eu quero mesmo é ser igual a todo mundo.  Quero me sentar na mesma mesa de bar que todo mundo senta para beber a mesma cerveja que todo mundo bebe nas sextas-feiras à noite, como todo mundo faz. Quero rir das mesmas piadas sem graça que todo mundo ri. Quero comer os mesmos petiscos que todo mundo come. Quero ver o filme que todo mundo

A vida não é igual a "Friends"

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Sim, é mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do que encontrar uma pessoa que ainda não tenha assistido a pelo menos um episódio de Friends . O longevo seriado americano criado por David Crane e Marta Kauffmann, que foi gravado entre 1994 e 2004, ainda hoje continua sendo o enlatado mais eficiente na função de prender a atenção de pessoas ao redor do mundo (o ocidental, pelo menos). Friends conta a história de um grupo de amigos – Rachel, Monica, Phoebe, Joey, Chandler e Ross - que passam, sempre juntos, por situações complicadas do cotidiano. Novo emprego, novo amor, novos sonhos, expectativas, dificuldades de relação coma família, tudo é vivido em conjunto pelos amigos, que trocam suas experiências e se ajudam – ou não – nas mais variadas situações.  Talvez seja esse o segredo de Friends: mostrar a realidade de qualquer jovem, seja americano, brasileiro, inglês. Guardadas as devidas proporções, quem nunca passou pelas situações mostradas na cena? Todos nós temo

O Metrô

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17:00. Desliga o computador, aguarda o leve sinal sonoro do Windows avisando que o programa está definitivamente encerrado. Pega sua bolsa, guarda nela o livro que deixou o dia todo em cima da mesa e sai da sala, rumo à registradora eletrônica de ponto, para ali encerrar oficialmente mais um dia de trabalho. Cumprimenta alguns conhecidos que encontra por ali, jogando conversa fora enquanto esperam algo. Passa seu crachá, guarda-o na bolsa e sai dos domínios da empresa, rumo ao elevador que o levaria do 15° andar ao térreo, para a luz do sol. Corredor vazio. Ótimo, não tinha a intenção de conversar. Sua cota de assuntos triviais para quebrar gelo já se encerrara há algumas horas, e tudo o que queria naquele momento era o silêncio libertador do fim do dia, permitido apenas àqueles que sabem que o dia seguinte será religiosamente igual ao anterior, e assim sucessivamente, até que o próximo fim de semana venha com a carta de alforria que dá a falsa sensação de liberdade que a vida p

Prêmio de Consolação

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"Precisamos conversar", disse à namorada, que assistia Game of Thrones. "Espera, é o último episódio da temporada", disse a moça sem olhar o rapaz que estava em pé perto da porta. "Não dá mais. Não tem como continuarmos juntos", disse ele, em pé com os braços cruzados. "O que?" - disse, desligando a TV. E ele começou a falar: "Quando começamos a namorar, eu sabia muito bem o motivo de você estar sozinha: você foi abandonada pelo noivo que resolveu te trocar pela sua amiga, e ainda fez questão de postar no Facebook que havia te trocado. Quando te conheci você era uma mulher magoada, tomada pela dor da traição. Eu me acheguei a você como um amigo, você lembra? Conversei com você, te aconselhei, por várias vezes enxuguei lágrimas suas enquanto dizia que você iria superar essa. Até que um dia, enquanto víamos um filme juntos no meu quarto, nos deixamos levar pelo momento e só demos conta do que havia acontecido na manha s

O Verdadeiro Reynaldo Gianecchini

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O texto abaixo é uma paródia de “O Verdadeiro George Clooney”, trecho do livro Em Algum Lugar do Paraíso , de Luiz Fernando Veríssimo. Sei lá, é bom avisar, né. Vai que alguém leva a sério…   Longe de mim querer difamar alguém, mas acho que no caso do Reynaldo Gianecchini o que está em jogo é a autoestima do homem brasileiro, os demais que não são Reynaldo Gianechinni.  Qualquer qualidade que qualquer homem tenha, física ou intelectual, cai por terra quando comparado com Reynaldo Gianechinni. As mulheres não escondem sua adoração por Reynaldo Gianechinni. O próprio Reynaldo Gianechinni não faz nada para diminuir sua simpatia e dar espaço aos demais de sua espécie. Ele continua sendo cada vez mais Reynaldo Gianechinni.  Quando anunciou-se que ele estava com câncer, lá no mais secreto do interior masculino houve uma expectativa pela sua morte, assim seria um homem perfeito a menos na disputa pela atenção das mulheres. E ele morreu? Nada, sarou e ainda agregou à si a i

Sob o brilho da lua

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São mais de onze da noite, e a lua cheia insiste em roubar a visão de qualquer um que se aventure a olhar para cima. Da sacada da janela do quarto andar de um hotel barato e sem qualquer luxo Fernando olha a lua, que fica embaçada vista por detrás da fumaça do cigarro. No velho rádio Maysa enche o ambiente com Meu Mundo Caiu . O único ítem que adiciona algum glamour ao ambiente é o vinho do porto sobre a mesa de ferro ao lado da cama, onde também está a foto da esposa, a mesma a quem dedicara tanto amor e que agora não queria nem vê-lo. Já está hospedado ali há alguns dias, e pretende sair dali logo. Não sabe quando voltará para casa. Não sabe se voltará para casa. Sabia que a casa que fora sua, apesar de ainda a pertencer, não era mais seu lar. Não era mais bem vindo por lá. Fora enxotado do ninho que construíra com tanto carinho. Esqueceu-se por um momento da lua e passou a olhar a foto da esposa. Ela sorri, olhando para o lado, como se algo tivesse roubado a atenção dela logo

Deus

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Me lembro da primeira imagem que fiz de Deus na vida. Era ainda bem criança, lá pelos 5 ou 6 anos, e na escola dominical da igreja que frequentava, a Irmã Genita, uma senhora de seus 60 anos que era professora das turmas infantis, nos apresentou Deus como um senhor sério, muito sábio, que observa a tudo, mas bondoso. Lembro muito bem de ela dizer "falem com Deus, ele adora ouvir o que vocês dizem, ele só não vai responder, mas ele adora ouvir a voz de vocês", e por causa disso eu orava todas as noites, pois sabia que ele gostava de me ouvir contar sobre a escola, sobre a lição de casa que eu tinha que fazer, e pedir desculpas por não ter entregue a lição completa de matemática - eu nunca levava. Eu tinha uma ideia bem definida de Deus e Jesus: Deus era um senhor de meia idade, talvez uns 50 anos, sério, de poucas palavras, que mais observava, mas bonzinho, e Jesus, que devia ser mais novo, talvez uns 30 anos, era o "gente boa", de sorriso fácil, que conve

Estranho

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Essa terra não é minha Esse povo não é meu Às vezes eu me pergunto: “O que foi que aconteceu?” Essa gente é tão estranha Não entende o que eu falo Até tento puxar assunto, Mas desisto e então me calo. Essa gente acha estranha Os costumes que eu tenho Mas eu só repito os hábitos Do lugar de onde venho. Essa gente é esquisita Se contenta com tão pouco Se fosse na minha terra Seriam chamados de loucos Essa gente se acha rica Porque tem algum dinheiro Mas nem sabem que minha terra Tem riqueza o ano inteiro As vezes eu me pergunto O que foi que aconteceu? Essa gente é estranha mesmo Ou o estranho aqui sou eu?

Gostosa

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Algumas ouvem o dia inteiro. Outras as vezes. Algumas, muito pouco. Outras ainda sequer sabem que a palavra tem outro significado não atrelado ao sabor de alimentos. Umas o são naturalmente, receberam esse dom como presente da natureza. Outras gastam alguns Reais em cirurgias para ficarem. Outras tentam com os batidos truques clichês das lojas de departamentos, como o sutiã de bojo ou a calça que "empina o bumbum" - puras propagandas enganosas. Umas recebem como elogio, gostam de ouvir isso mesmo que não assumam. Outras se ofendem, acham uma falta de respeito à condição feminina. Outras dariam tudo para serem chamadas assim, coitadas! As academias são uma espécie de "habitat natural", pois é impossível não encontrar pelo menos uma delas ali, livres, agindo naturalmente, apenas sendo o que são. Também é possível encontrá-las nas ruas, indo de um lugar para o outro, desfilando e exibindo-se, intencionalmente ou não. As vezes se vestem com a clara intenção de