Como Ganhar uma Eleição

Acabei de ler hoje o livro Como Ganhar uma Eleição, de Ney Lima Figueiredo e José Rubens de Lima Figueiredo Jr. O livro, além de ser uma grande aula de marketing político, trás uma análise cheia de detalhes e informações do cenário político de 1989, e os bastidores da eleição de Fernando Collor à presidência, no mesmo ano.

Collor, fabricado exclusivamente para ser candidato à presidência, é o modelo perfeito de o quanto o marketing pode ser decisivo numa campanha, por mais que muitos neguem isso. De início um candidato sem nenhuma chance, governador de Alagoas e sem nenhuma projeção nacional, Collor conseguiu reunir em si tudo o que o brasileiro esperava de novo presidente. Na época, o então presidente da República José Sarney não tinha mais que 8% de bom ou ótimo nas pesquisas feitas, e os demais candidatos, entre eles Brizolla, Mário Covas, Ulysses Guimarães, apesar de terem fortes chances, representavam a política velha que o brasileiro repudiava com força. Tentou-se forçar a candidatura do apresentador Sílvio Santos (uma espécie de "Tiririca" de 1989), mas ele não teve estrutura partidária boa o suficiente para lhe dar sustentação. Collor, de posse de todas essas e outras informações importantes, construiu o personagem ideal: o "caçador de marajás", o que iria combater a pobreza lutando contra os ricos e beneficiando os pobres. Collor conseguiu, do dia para a noite, se transoformar no candidato perfeito, derrotando Lula nas urnas no segundo turno em 1989.

O livro foi escrito antes do escândalo de Collor que resultou no impeachment, mas todo o panorama eleitoral da época se assemelha muito ao atual, inclusive com a presença de nomes como o de Lula, que lutou por 20 anos contra a estrutura política engessada dos rades coroneis, mas ao asusmir se aliou a todos eles (inclusive ao Sarney, a quem cansou de chamar de "bandido"). Aliás, analisando a eleição de 89 com a de 2010, vê se que os tempos mudaram, alguns nomes mudaram, mas as estratégias continuam as mesmas. A candidata eleita Dilma Roussef se assemelha tanto ao Collor que chega a ser curioso: uma pessoa totalmente desconhecida no cenário nacional, assumiu uma personagem de "amiga do Lula", foi apresentada como companheira do presidente (sendo que se sabe que Lula sequer conhecia a Dilma antes de seu primeiro mandato; aliás, em 2002 Dilma era "novata" no PT; ela se filiou ao partido em 2000). Assim como Collor, Dilma venceu a eleição no segundo turno, derrotando José Serra (que se assemelha muito tambem com os demais candidatos de 1989).

Ou seja, como o próprio livro diz, toda eleição é, ao memso tempo, muito igual e muito diferente. Diferente porque o contexto sempre muda, igual porque as estratégias são as mesmas, os anseios são os mesmos. Ano eleitoral é, a verdade, o ano de "uma personagem à procura de um ator". Collor foi o ator. Fernando Henrique foi o ator (apesar de ser ruim até para fingir algo). Lula foi o ator (um dos melhores que esse país ja teve, desbanca qualquer ator da Globo). Dilma foi a atriz.

Nada muda, às vezes nem os nomes. Ou quando mudam os nomes, o sistema é o mesmo. A base é a mesma. Os eleitores são os mesmos. Só a memória não é a mesma. Eleitor esquece. Esquece fácil.

Obrigado, Glaucia @glauciamantoan pelo empréstimo. Como Ganhar uma Eleição é um verdadeiro curso de marketing político. Mais que isso, o livro mostra o que é fazer política no Brasil.

Comentários

  1. Essa última campanha política a que nós fomos condenados me trouxe imediatamente a lembrança este livro, que bom que acertei emprestando pra você.
    Mais um ótimo post.
    Um grande beijo. Logo vou buscar meu livro (desculpa boa pra te ver heim?).

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