Não quero mais ser evangélico

Não aguento mais a ladainha dos evangélicos. O mesmo papo sempre. Um Deus que faz, mas quer algo em troca. Uma igreja que oprime.
Não aguento mais ver os rostos torcidos quando falo que sou evangélico. Ser evangélico no Brasil é ser idiota, uma pessoa completamente alheia ao mundo que a cerca, uma pessoa que apenas "louva a Deus" e que busca ser "fiel ao Senhor Jesus". Ser evangélico é não precisar estudar, pois o "Senhor providencia todas as coisas". Ser evangélico é não ter obrigações sociais, pois "nossa morada é o céu".
Não aguento mais ver versiculos bíblicos serem usados a torto e a direito em enfeites de geladeira, adesivos de carro, capas de cadernos, fachadas de loja. Isso pra mim é a extrema profanação do sagrado. Enquanto os judeus nem pronunciavam o nome YHWH (Javé), por considerarem o nome de Deus algo impossível de sair da boca humana pecaminosa, evangelicos brasileiros estampam versiculos em camisetas, usam o nome de Deus como nome de lojinhas (já vi uma oficina mecânica chamada Jeová), expressões hebraicas são usadas como girias (Shekkinah: unção, Maranata: Ora Vem Senhor Jesus, Shalom: Paz, Adonai: Senhor, Pentecostes: festa hebraica, entre outras).
Não aguento mais a Cassiane, o Diante do Trono (ou seria Distante do Trono?!), a Shirley Carvalhaes, o Matos Nascimento, o André Valadão, a Nivea Soares, o Toque no Altar, que se dizem ser "levitas", mas apenas vendem CD's a perços exorbitantes, com produções que seguem à risca o mercado fonográfico. Se é para ouvir musicas comerciais, prefiro ouvir CPM 22 a ouvir a banda Oficina G3, pois o CPM pelo menos assume ser uma banda comercial . Prefiro muito mais ouvir Avril Lavigne, Renato Russo, Banda Pimentas, CPM 22, NX Zero, Papas na Lingua, Roberto Carlos e outros do que ouvir essas músicas "gospel" bregas.
Não aguento mais os apostolos, bispos, missionarios, reverendos, bispas, apóstolas, pastores que querem apenas fama. Gravam programas ridículos na Rede TV (canal 9 em SP), criam bíblias de estudo, escrevem livros, ensinam a educar filhos, apenas para levantar verba.
Não aguento mais os "sete passos para a vitória", as "21 semanas de libertação", as "sessões do descarrego", as "campanhas de cura divina", as "quebras de maldição", os "12 caminhos para uma vida financeira vitoriosa" e outras baboseiras ditas em nome de Deus.
Não quero mais conversar com pastores "ungidos", que tem "dom de cura" ou aqueles que "oram e Deus responde". Prefiro conversar com professores da faculdade, idosos, pessoas que tem o que falar e o que me ensinar. Quero receber conselhos de garis, empregadas domesticas, pedreiros, pessoas que sabem ensinar a viver dignamente com pouco.
Não preciso de "prosperidade financeira". Não quero o carro novo, a casa própria. Aliás , quero sim, mas quero tê-los com o suor do meu rosto. Digo sem medo: "Deus, não precisa me dar uma casa, deixa que eu compro", "não precisa me fazer passar na prova, deixa que eu estudo e passo sozinho".
Quero uma espiritualidade libertadora, que me ensine a ser gente, a gostar de gente, a me relacionar com gente. Nao quero ser um fanático religioso, intolerante, chato, brega. Quero uma espiritualidade que me ensine a depender pouco de Deus, que me ensine a apenas amá-lo, sem pedir nada, sem esperar milagres que nunca ocorrerão.
Quero, ao mesmo tempo, muito de Deus e nada dEle. Quero muito amor dele, muia bondade, muita paz, para que eu possa trasnmiti-la a outros. e, quanto aos milagres, libertações, curas, empregos, prosperidae financeira, que ele possa apenas me ensinar a conquistar sozinho.

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