O Demônio e a Srta Prym



Acabei de ler ontem O Demônio e a Srta Prym, do Paulo Coelho. Depois que li Verônica Decide Morrer (veja aqui) e supereri minha "paulocoelhofobia" resolvi conhecer outros títulos dele. E esse livro entrou também na minha lista dos melhores. Talvez seja ainda melhor que Verônika.

O livro conta a história de um estrangeiro que chega à pequena cidade de Viscos, cidade fictícia que provavelmente fica na Europa - o autor não dá a localização da cidade, e ali se instala, ficando apenas uma semana. Vem acompanhado de um demônio que o persegue por anos, mas ninguém pode vê-lo, exceto a velha Berta, viúva da cidade que muitos juram ser uma bruxa. Na cidade ele conhece Chantal Prym, uma garçonete jovem e bonita que vive do salário baixo e das gorjetas que consegue dos clientes do bar do hotel onde trabalha. Única jovem da pequena cidade de 281 habitantes, Chantal leva uma vida simples: órfã de pai e mãe, trabalha, dorme com alguns clientes às vezes e sonha em um dia sair de Viscos e mudar de vida numa cidade grande.  Ao conhecer Chantal, o estrangeiro a leva a um local desconhecido e lhe mostra onze barras de ouro. Diz que dará uma daquelas barras a Chantal e as outras dez ele deixará para a cidade em troca de uma coisa: a pacata cidade teria de cometer um assassinato. Alguém na cidade deveria ser morto pelos próprios habitantes. Depois desse assassinato, a cidade, até então pobre e sem muitos recursos, ganharia 10 barras de ouro. Chantal jura que a cidade, que tem tradição pacífica e uma população feita de gente simples e honesta, irá recusar a proposta do estrangeiro. Mas nem tudo sai como ela imagina.

O livro é uma reflexão maravilhosa sobre o bem e o mal. Mostra como ambos podem se confundir, até que seja impossível definir o que é um e o que é o outro. Até que ponto uma pessoa está disposta a fazer o mal para receber o bem como recompensa? Ou melhor: existe a possibilidade de o mal ser pago com o bem? Quais critérios se usa para definir uma atitude como boa ou má? Baseado em quais regras? E se essas mesmas regras tiverem brechas que tornem a definição de bem e mal simplesmente indefiníveis?

É essa a proposta do livro. Mostrar como muitas vezes agimos mal em nome do bem, ou muitas vezes agimos bem em nome do mal. Complicado? Sim, é complicado mesmo. E quem disse que bem e mal são coisas fáceis de se entender?

O livro tem uma narrativa simples, envolvente. Percebo que Paulo Coelho tem o hábito de escrever coisas complicadas de uma forma simples, fácil de entender. Li o livro em dois dias. Diferente de Verônika, esse livro não tem clichês. Tem várias lições interessantes. Vale a leitura.

Quem sabe agora eu começo a ler o livro do Kundera? rs

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