Veronika Decide Morrer



Acabei de ler ontem Veronika Decide Morrer, do Paulo Coelho. Sim, para ler esse livro superei minha "paulocoelhofobia". Nunca tive o menor interesse em ler um livro dele, sempre por causa das opiniões de outras pessoas (daí nasce o preconceito...). Mas um dia, enquanto eu zapeava a TV em casa, vi um filme pela metade que me chamou a atenção. Continuei vendo e quando vi o nome me surpreendi, pois era o filme feito com base nesse livro. Sim, eu vi o filme antes do livro. Não costumo fazer isso, mas nesse caso foi acidental. Foi até melhor. Se eu não tivesse caído por acaso no filme provavelmente nunca teria lido o livro. E confesso: está entre os melhores que já li.

O livro conta a história da jornalista eslovena Veronika, que um dia se cansou da vida sem sentido que leva como bibliotecária na cidade de Lubjana, e resolveu se suicidar com overdose de medicamentos. Mas o suicídio não deu certo e ela foi socorrida a tempo. Porém uma série de acontecimentos fizeram com que ela fosse levada à Villete, a clínica psiquiátrica de Lubjana. Lá, ela foi desenganada pelo médico, que lhe avisou que a tentativa de suicídio tinha causado um dano irreversível no coração, e ela teria não mais que sete dias de vida. Durante o pouco tempo que lhe restava, Veronika começa aos poucos a descobrir o valor da vida e de cada momento. Já desenganada, ela passa a gostar de viver. E mais do que descobrir o valor da vida, Veronika faz com que todos os outros internos de Villete repensassem o que queriam para suas vidas. 

O livro é meio "clichezão", pois Paulo Coelho, mais do que um escritor, é um vendedor de livros (um dos maiores vendedores de livros do mundo), e precisa escrever coisas que caiam no gosto de todo mundo. Mas mesmo assim, cheio de clichês e as vezes de frases bonitinhas, dessas que todo mundo gosta de colocar no status do MSN, o livro é ótimo. É um liviro que nos faz pensar. Pensar nas coisas inúteis que muitas vezes elegemos como prioridade na vida. Nos faz pensar que as vezes o desejo de ser "normal" ou igual a todo mundo nos priva de viver emoções libertadoras. Muitas vezes nós mesmos nos aprisionamos em um mundo que consideramos o ideal, mas que acaba fazendo de nós pessoas amarguradas - ou contaminadas com Vitríolo, como diz o livro - e sem perspectivas. Como o próprio livro diz, a consciência da morte nos desperta para querer viver. Só temos desejo de viver quando sabemos que vamos morrer, e mais ainda quando temos a consciência de que não sabemos o dia no nosso fim, que pode ser daqui a 80 anos ou amanhã cedo. Isso faz com que consideremos que cada dia é um milagre, pois a vida é feita de repentes. Num segundo a vida pode mudar, às vezes sem volta.

Longe de ser fatalista, Veronika Decide Morrer é um livro que nos desperta a querer viver sem se importar com a opinião de terceiros. Nos faz ter coragem de expressar o que se passa no coração, mesmo que isso pareça loucura, como as visões do Paraíso de Eduard. Além do mais, o livro pode ser considerada uma parte de uma biografia do próprio Paulo Coelho - embora ele negue isso - pois ele mesmo já esteve internado numa clínica psiquiátrica nos anos 80.

Além de gostar do livro e recomendar, superei meu preconceito em relação aos livros do Paulo Coelho. Tanto que hoje mesmo comprei um outro livro dele, O Demônio e a Srta. Prym que também conheci por acaso num panfleto que veio dentro de Veronika e já comecei a ler - já passei da metade do livro, pra ser mais claro! rs (Dica: pra quem mora em SP e, assim como eu, está numa crise financeira terrível, o Sebo do Messias no Centro está com promoção nos livros do Paulo Coelho: R$ 5,00).

Minha meta pra esse ano é terminar de ler O Demônio e a Srta Prym e ler ainda A Brincadeira, de Milan Kundera. Crime e Castigo vai ficar pra o ano que vem, pelo jeito... rs

Comentários

  1. Já li ambos, Verônika e Srta Prym (esse acabei ontem, aliás.. rs) e adoreei, super recomendo!
    Enfim, boom post! Beijos:*

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