#Livros O Rei Branco



Terminei de ler essa semana O Rei Branco, do húngaro György Dragomán, pouco conhecido no Brasil mas com uma carreira extensa na Europa, tendo inclusive ganhado prêmios importantes por lá. 

Dzsáta é um garoto de 11 anos que cresce num país do bloco comunista europeu nos anos 80 e num dia, inexplicavelmente, seu pai é levado para longe a pretexto de trabalho. Crescendo somente com a mãe, Dzsáta logo percebe que seu pai na verdade é um preso político e que provavelmente não voltará, apesar de manter viva a esperança, dia a dia. Além de ter de lidar com as emoções afloradas da mãe, do avô influente no no partido comunista e da avó esbaforida, o garoto tem de aprender logo cedo a lidar com certos dilemas da vida de qualquer pessoa que vive em meio a conflitos políticos como ele. 

Li o livro embalado por ótimas críticas que vi na internet, mas confesso: nem de longe está entre os melhores que já li. A narrativa, além de muito confusa, talvez resultado de uma tradução não muito bem feita, é um tanto pesada demais para o estilo de história que o autor quis criar. Por se tratar da visão de mundo de uma criança - ou um pré-adolescente, já que o protagonista cresce ao longo da história - o livro tem trechos e relatos pesados demais, que faria qualquer pessoa com um estômago mais fraco sentir náuseas. Tive que pular alguns trechos, pois as narrativas eram fortes demais. As cenas das brigas entre as gangues dos garotos dos bairros tem uma riqueza de detalhes totalmente desnecessária, que nada acrescentam a história. 

Mas, fora esses pontos negativos, a história em si é interessante. Mesmo com os problemas citados acima, a delicadeza do autor ao tratar da esperança do garoto em reencontrar o pai e ao mesmo tempo confortar a mãe é belíssima. Mostra como as crianças sempre são as que mais sofreram em meio às guerras causadas pelos totalitarismos comunistas europeus. 

Se recomendo? Sim, pela história. Mas prepare-se para cenas fortes. 

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