#Livros: 1222 - Anne Holt



Terminei de ler hoje a história policial 1222, da norueguesa Anne Holt, que já é uma das maiores escritoras do mundo em quantidade de livros vendidos (só 1222 teve mais de 6 milhões de exemplares vendidos), apesar de ser quase totalmente desconhecida no Brasil. 

O descarrilamento do trem 601, que iria de Oslo para Bergen, e uma forte tempestade de neve, a maior da Noruega em cem anos, obrigam os 269 passageiros da viagem a se hospedarem no Finse 1222, um hotel no alto das montanhas da cidade. Totalmente isolados do mundo por conta da neve, os hóspedes tem de aprender algumas das principais regras da vida em comunidade, apesar da variedade de personalidades e temperamentos entre os presentes. Apesar da situação, os hóspedes se sentem seguros por estarem em um lugar resistente à tempestade, aquecido e com alimento suficiente. Mas essa sensação de segurança acaba quando o pastor católico Cato Hummer é encontrado morto do lado de fora do hotel, ferido pelo tiro de algum tipo de arma potente, mas que não deixou qualquer rastro. Nenhum dos hóspedes ouviram qualquer barulho nem notaram qualquer movimentação estranha. É nesse contexto em que se encontra a  ex-investigadora de polícia Hanne Willhelsen, mulher amarga que pagou com a própria mobilidade o preço de levar a profissão a sério. Disposta a ignorar o acontecimento no hotel e seguir adiante com sua promessa de nunca mais se envolver com investigação de crimes, Hanne é praticamente forçada a voltar à ativa e usar novamente sua capacidade intuitiva, mesmo que informalmente, quando o segundo corpo é encontrado no local. Como auxiliares a investigadora terá o médico Magnus Streng, cuja coragem é completamente desproporcional a sua altura, e o advogado de imoveis Geir Rugholmen, além da própria gerente do hotel Berit Tverre. Como elementos para sua investigação, apenas as poucas pistas dentro do próprio hotel. 

1222 não é o tipo de história que se pode chamar de espetacular. Pelo contrário, em vários momentos se nota que a autora poderia ter ido muito mais a fundo em sua história. Algumas situações do hotel Finse 1222 são completamente desconexas com a realidade. Há momentos em que os hóspedes do hotel se mostram totalmente tranquilos mesmo sabendo que há entre eles um assassino e dois cadáveres guardados no hotel. A autora poderia ter se aprofundado muito mais no aspecto psicológico dos hóspedes, da própria Hanne e de seus assistentes. A sensação que se tem ao terminar a leitura é a de que 1222 é uma história superficial. Mas ainda assim o enredo prende a atenção. A uma certa altura da história é possível entender o raciocínio da investigadora e o leitor passa a tentar descobrir quem é o assassino. Mas isso não tira a expectativa, principalmente quando o que está em jogo é a motivação, o que levou esse assassino a matar duas pessoas tão parecidas, e ao mesmo tempo tão diferentes entre si. 

Apesar de ser desconhecida por aqui, Anne Holt é um fenômeno da literatura na Europa, com 13 livros lançados. 1222 encerra uma sequência de 8 livros sobre Hanne Wilhelsen, nenhum deles publicados ainda no Brasil, naquela velha - e péssima - mania das editoras brasileiras de publicarem livros fora da ordem. Fiquei sinceramente interessado em ler outros livros de Anne Holt. Mas o jeito vai ser esperar novas traduções...

De qualquer forma, 1222 é um bom livro. 

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