#Livros: O Diário de Anne Frank


Como é de costume, sempre que concluo a leitura de um livro faço um resumo aqui no blog com a minha opinião e minhas impressões sobre o que li: como a leitura me marcou, em que me marcou, etc (dá pra ler os resumos das outras leituras aqui). Mas escrever sobre Anne Frank é difícil. Apesar de parecer estranho pra alguns, gosto de acompanhar tudo que esteja relacionado ao nazismo e à forma como as pessoas viviam durante o regime do Führer. Talvez porque me intriga o fato de um país desde sempre tão desenvolvido como a Alemanha apoiar uma ditadura tão cruel, que marcou negativamente a vida de tanta gente ao redor do mundo. 

Entre essas pessoas que tiveram a vida marcada está Anne Frank, uma adolescente alemã de 13 anos que vê sua vida mudar drasticamente quando a família judia precisa se esconder do regime nazista, em 1942.  Popular na escola, alvo dos olhares dos garotos que sempre a consideravam a mais bonita e a mais inteligente, Anne é uma garota comum como qualquer outra: tem sonhos, gosta de estar rodeada de pessoas e adora conversas fúteis. Nada diferente de uma adolescente qualquer. Mas Anne não contava com uma mudança drástica de vida: procurando refúgio numa Holanda que ainda era considerada segura para os judeus, Otto Frank (o "Pim") leva a família para um esconderijo num anexo da sua empresa, denominado depois por Anne como Anexo Secreto, onde já estava escondida a família van Daan. Junto com sua irma Margot, sua mãe Edith e seu pai Otto, Anne junta-se à Petronella, Hermans e Peter van Daan, além de Albert Dussel no Anexo. De início Anne pensa que o esconderijo será algo provisório, apenas para esperar enquanto as coisas acalmam em seu país de origem, para que logo possa voltar para sua casa e retomar sua vida. Mas, com o passar dos dias, Anne percebe a gravidade da situação e começa a não enxergar mais possibilidade de retorno. Sua única forma de - tentar - se comunicar com o mundo é através de seu diário, onde ela escreve o que se passa no dia a dia do Anexo, além de escrever suas impressões e expectativas, na esperança de que alguém um dia a leia.

Como qualquer diário, o livro é repleto de descrições do dia a dia das famílias Frank e van Daan. O que no início era uma convivência pacífica começa a se tornar um inferno diário, principalmente depois da chegada de Dussel, homem de hábitos egoístas que parece não entender que o ambiente onde vivem é um ambiente de privações. Somados a isso está a escassez de alimentos devido ao racionamento imposto pelo governo, a falta de higiene básica devido ao próprio ambiente onde torna-se impossível manter hábitos saudáveis e o pior: a falta de liberdade que, se para um adulto é ruim, pior ainda é para uma adolescente que ainda está em processo de formação de sua personalidade moral. Anne, assim como qualquer adolescente, sente falta de sua vida normal: falta das amigas, falta dos namorados, e aos poucos passa a enxergar Petter, o filho dos van Dann, como sua única opção de amor, por mais estranho que possa ser o possível casal. Dia a dia, Anne relata seus medos, seu desespero com a possibilidade de não mais sair dali, sua única esperança numa possível invasão inglesa à Holanda, além de sua fé em Deus, que parece ficar mais forte durante o tempo no Anexo.

O Diário de Anne Frank não tem a intenção de contar uma história romântica, tanto que na introdução já é contado o final do livro: as famílias Frank e van Dann são descobertas pelos policiais nazistas em 4 de agosto de 1944, provavelmente devido a uma denúncia anônima, e todos são levados a campos de concentração. A família toda se separa e cada um segue um rumo diferente. Otto Frank consegue escapar da prisão e consegue retomar sua vida, inclusive tendo acesso às folhas do diário de Anne e as publicando anos mais tarde.

O Diário de Anne Frank não é um livro emocionante no sentido comum. É um livro cheio de descrições, de críticas à pessoas bem específicas e de desabafos de uma garota amedrontada. Mas é um livro que prende, principalmente para quem já conhece um pouco sobre o Nazismo. Se nas escolas e livros aprendemos a versão oficial, em Anne Frank conhecemos o nazismo sob o ponto de vista de quem viveu e sofreu, mesmo sem entender exatamente o que estava acontecendo.

Recomendo!

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