#Livros: A Ira de Nasi



Acabei de ler hoje - enfim - o livro A Ira de Nasi, biografia de Marcos Valadão Rodolfo, o Nasi vocalista do Ira! escrita por Mauro Betting e Alexandre Petillo. Digo "enfim" porque já estou há vários meses nesse livro. Sempre costumo ler rapidamente, mas dessa vez, por vários motivos, acabei demorando para terminar a leitura. 

Como toda biografia deve ser, o livro conta a história do Nasi desde o começo, com sua vida pessoal até a criação do Ira!, que chegou a ser - e talvez ainda seja - uma das maiores bandas de rock nacional de todos os tempos. O livro mostra um Marcos que, desde muito jovem, sabia que seu destino seria a música. Flertou  e produziu muita coisa boa no punk rock e teve contato com muita gente boa. Se envolveu com muitas mulheres, desde desconhecidas a atrizes globais, arrumou briga com muita gente, entrou e saiu de problemas com a mesma teimosia que fez dele uma personagem única na música brasileira. O Ira! passou por todas as fases de um músico ou banda brasileiros: um início underground, uma fase de certa estabilidade musical, fama e sucesso, muito sucesso, bajulação da mídia, decadência e enfim a queda, ocasionada principalmente pela briga judicial entre Nasi e o irmão e ex-empresário do Ira!, Airton Valadão Júnior. Não só a história do Ira!, mas o livro conta também a história pessoal do Nasi, paralela à historia da banda, e sua fase atual,  desde sua relação com a família, a política e inclusive seu atual envolvimento com o candomblé, religião da qual é adepto. 

O livro tem um diferencial interessante que é o de mostrar que o Nasi toda vida teve muita dificuldade em separar vida pessoal da vida profissional.  A própria namorada atual, Elizabeth, diz que o Nasi nunca soube separar "o Nasi do Marcos Valadão". Outro ponto bacana do livro é não pintar uma história bonita para esconder os podres do artista, como se vê frequentemente. Pelo contrário, Nasi fez questão de contar com detalhes seu período de problemas com as drogas, dando inclusive detalhes de como era o ambiente onde ele morava durante esse período em que quase se entregou ao vício. Dá detalhes também do seu período de internação e de sua recuperação. Não tem problemas em contar seus altos e baixos com as mulheres e de como ajudou outros nomes da música brasileira a despontarem, sem nunca pedir o reconhecimento público por isso. Além disso Nasi dá detalhes da briga com o irmão Airton, inclusive com depoimentos dos advogados que o acompanharam e do próprio Airton. 

Sim, sou fã do Ira! e do Nasi. Sou do tipo que acha o Nasi um cara foda, que só produz coisa boa.  Sem nunca ter estudado música, Nasi tem um talento de deixar muitos profissionais de queixo caído. Sem falar na voz rouca e grave que consegue transformar qualquer música em uma coisa legal de se ouvir. Construiu uma carreira musical impecável e soube manter essa história mesmo depois de tanto desgaste com o fim do Ira!. A carreira solo, tanto a que produziu paralela ao Ira! como a atual com "Vivo na Cena" e "Perigoso" mostra um Nasi maduro, cada vez mais bacana de ouvir. Cada vez mais "irado", com o perdão do trocadilho infame. 

Mesmo para quem não é tão fã do Nasi, o livro é um resumo do rock nacional dos anos 80 e 90. Indico!!!

E hoje mesmo começo a leitura do terceiro livro da saga Milenium, A Rainha do Castelo de Ar. Pela terceira vez vou tentar entender o que se passa na cabeça da complicadíssima Lisbeth Salander! rs 

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