#Livros: As Esganadas - Jô Soares




Pronto! Concluí uma das missões a que me havia proposto cumprir nesse ano: ler todos os livros escritos pelo Jô Soares, ou pelo menos todos os publicados pela Companhia das Letras, os mais lidos. Desde que decidi ler As Eganadas, achei que seria melhor conhecer antes com os livros anteriores, e depois ler o lançamento, e foi isso que fiz. Um a um, li O Xangô de Backer Street, O Homem que Matou Getúlio Vargas, Assassinatos na Academia brasileira de Letras e concluí hoje, com orgulho, As Esganadas.

As Esganadas se passa no Rio de Janeiro durante o Estado Novo, bem no meio da Ditadura Getulista, onde um misterioso caso abalou o Rio de Janeiro: mulheres vinham sendo brutalmente assassinadas. Em comum apenas o fato de serem gordas. Muito gordas. Os assassinatos, sempre muito parecidos e concluídos da mesma forma, deixam o mal-humorado delegado Mello Noronha totalmente desorientado. Uma ajuda inesperada se mostra importantíssima: Tobias Esteves, que foi investigador em Lisboa, se oferece para ajudar no caso, que ganha o reforço do ingênuo assistente Valdir Calixto e da competentíssima e linda fotógrafa Diana de Souza. Diferente dos outros livros, em As Esganadas o assassino é revelado ao leitor logo no início do livro, que escapa da equipe policial com facilidade graças a uma doença raríssima que o ajuda a passar despercebido pela investigação. Mas não por muito tempo, pois o português Tobias tem uma intuição que deixaria até mesmo Sherlock Holmes de queixo caído.

As Esganadas completa o estilo inconfundível do Jô: cria personagens com riqueza de detalhes, o que nos faz imaginar a figura de cada uma das pessoas da história. Além disso, a capacidade rara de mesclar histórias horrorosas que causam asco com cenas hilárias, que fazem com que o leitor fique sem reação ao ler, sem saber se sente nojo ou se dá risada - me vi nessa situação várias vezes, em todos os livros dele... E também todas as narrativas do Jô tem lugar e tempo bem específicos: sempre o Rio de Janeiro, e sempre épocas antigas, o que mostra que o Jô, além de amar o Rio, é conhecedor como poucos da história da cidade, e não só da história, mas dos costumes da boa e velha malandragem carioca que tanto inspirou poetas e músicos. Enfim, As Esganadas só confirma o estilo inconfundível de Jô Soares: criar histórias de crimes policiais e, ao mesmo tempo, fazer rir.

Ler os livros do Jô só me fizeram confirmar a admiração que tenho por ele. Pra mim, o Jô é um artista completo: bom humorista, bom entrevistador (às vezes), bom diretor teatral e bom escritor. Só nõ contem isso a ele, senão o ego já inflado do Jô pode vir a explodir! rs

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