#Livros: O Caso dos Dez Negrinhos



Sabe aquela sensação maravilhosa de ler um livro inteiro em apenas um dia, de uma única vez? Foi o que me aconteceu na sexta-feira com O Caso dos Dez Negrinhos. Comprei num sebo no centro e praticamente saí de lá lendo. Li no caminho inteiro de volta para casa. Como o trânsito de sexta feira em SP estava irritantemente lento, foi tempo suficiente para que eu lesse o livro inteiro. É o primeiro livro da Agatha Christie que eu leio, o primeiro de todos os outros dela que pretendo ler. Tá, sei que tá meio tarde pra ler a Agatha, pois a maioria das pessoas que eu conheço leram na adolescência. Mas lembrem que vivi uma adolescência fechada em muros de uma igreja que me proibia de ler qualquer coisa que não fosse a Bíblia. Então agora tenho que correr para tirar o tempo atrasado... rs

Mas enfim, em O Caso dos Dez Negrinhos se conta a história de um homem misterioso, Mr. U.N. Owen, que compra uma mansão na Ilha do Negro e contrata um casal de mordomos, os Rogers, além de convidar oito pessoas comuns e de classes sociais diferentes, que não se conheciam até chegarem à mansão, para passarem alguns dias por lá. A ausência dos proprietários estranha a todos. Na sala, uma mesa com dez negrinhos de porcelana chama a atenção. No quarto de cada um deles está presa na parede uma cantiga infantil:


Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;

Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon em charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colméia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no zoo. E depois?.
O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não sobrou nenhum.


Enquanto todos os dez (os oito convidados e os dois mordomos) estão na sala, uma voz misteriosa começa a chamar um por um dos presentes e denunciar supostos crimes cometidos por cada um deles, aparentemente crimes sem punição. O pânico toma conta de todos, que pensam em ir embora mas descobrem que a única forma de sair da ilha é através de um bote que vem de manhã, mas que por conta do mau tempo provavelmente não vai aparecer. Em meio ao pânico instalado entre os visitantes mortes misteriosas começam a acontecer na mansão, todas relacionadas de alguma forma com a cantiga infantil presa em seus quartos.

Esse é um daqueles tipos de livros que prendem a respiração. Por várias vezes me peguei fazendo caras e bocas no ônibus enquanto lia o livro, sempre com o olhar atravessado de alguém que devia pensar que eu era um doido. Mas o livro vale a pena. Agatha Christie consegue prender a atenção do começo ao fim do livro de uma forma incrível. Por várias vezes durante a leitura tentei fazer meu próprio julgamento, incriminando alguém ou inocentando outro. Impossível não se impressionar com um livro como O Caso dos Dez Negrinhos.

Uma pista para quem se aventurar a ler o livro (se não gosta de pistas pare de ler): dê bastante atenção ao "arenque defumado" citado na cantiga. Busque saber o que é isso e preste atenção em cada acontecimento. Uma pessoa detalhista (o que eu definitivamente não sou) pode descobrir muita coisa sobre os acontecimentos da mansão se conseguir entender o enigma do arenque defumado.

Indico a leitura!

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