Meu Infinito Particular (ou Sobre o Blog)

Infinito Particular,

ou

Sobre o Blog


Que Sócrates me perdoe, mas eu gostaria muito de ouvir Macabéa discursar no Areópago e falar sobre Olimpico de Jesus, sendo assistida por São Paulo e pelos estoicos chatos. Sócrates teria muito o que aprender com a pobre desgraçada pupila de Clarice.

Calma, moço, não estou bêbado, não. Estou muito lúcido e consciente dos meus atos. Ou melhor... não?

Sou uma eterna contradição. A personificação da interrogação. Alguém que vive cheio de perguntas, questionamentos e porquês, mas quase nuna encontra respostas. Mas sou consciente de que provavelmente passarei a vida inteira sem encontrar respostas pra maioria dos meus questionamentos. Dizem que a vida é movida por perguntas, e não por respostas. Parece pura autoajuda, coisa de maluco que não tem mais o que escrever e madruga no computador escrevendo qualquer coisa. Epa, essa é a minha vida...

Presencialmente sou monossilábico. Um Twitter ambulante, cujos diálogos mais proveitosos raramente passam de 140 caracteres. O que vai além disso é engasgo e provas de uma timidez absurda. Talvez aí esteja o motivo de meus textos na internet serem longos. Compenso na Web o que nao consigo falar presencialmente.

Sou tímido. Demoro para fazer amizades. Isso faz de mim uma pessoa sem graça, daquelas que ninguém quer estar perto, a não ser que seja para manter um relacionamento sincero. Mas quem quer algo sincero hoje em dia, né? Boa parte dos que me conheceram pessoalmente se afastaram. Talvez se decepcionaram com o que eu sou. Não faço o tipo popular, nem o pegador. Não sou piadista e não costumo achar graça em piadinhas de mesa de bar, e tenho séria dificuldades de rir do que não acho graça. Tenho dificuldades em ambientes novos. Evito novidades ao máximo exatamente pela dificuldade de adaptação, tanto da minha parte como da parte das pessoas que geralmente são hostis aos "novatos". E sou um péssimo novato: não me apresento, não me exponho e espero as pessoas se aproximarem. Como as pessoas não se aproximam, costumo ser um peixe fora d'água por um bom tempo, até que algum acontecimento me coloque no centro das atenções e só aí as pessoas descubram que eu existo, de fato. A partir daí costumo ser o cara "bonzinho", aquele que todos procuram quando precisam de alguma ajuda. Gosto de dar conselhos, mas a afirmação anterior vale nesse caso, também. Pessoas me procuram pedindo orientação, opinião e vão embora quando tem suas necessidades satisfeitas. Raramente elas perguntam como estou ou se dispõem a me ouvir. Mas é assim mesmo. Já entendi e nem questiono mais. 

Com esse blog pretendo tentar encontrar uma rua que me sirva de destino, tentar me encontrar. Ao escrever, me descubro. Já descobri coisas sobre mim em meus textos que acho que nem as melhores terapias conseguiriam descobrir. Quando escrevo, consigo formalizar certas coisas que vão no mais profundo de mim e que falando eu não conseguiria expor.

Não me importo se pouca gente ler esse blog. Na verdade, acho que nem eu sei tudo o que tem postado aqui. Escrevo e deixo aos ventos, para que outros possam ler e, quem sabe se espelhar como modelo a ser seguido - ou a não ser seguido.

Mudo o layout várias vezes. Já mudei e provavelmente continuarei mudando. Isso porque eu vivo desejando mudanças. Mudo o plano de fundo do desktop do PC, a posição dos móveis em casa, a ordem dos CDs na estante. Dizem que pessoas que vivem fazendo mudança em casa são pessoas insatisfeitas. Como eu sou um eterno insatisfeito, sou a prova do que a psicóloga disse no rádio. Sou insatisfeito, mas sou feliz. Acho que tenho um pouco de Macabéa em mim.

Creio em muitas coisas. Mas admito que posso estar crendo em coisas ocas e vazias. Me dou o benefício da dúvida. Pode ser que o que aprendi a vida toda seja o errado. Estou aberto ao novo, mesmo que esse novo seja totalmente estranho a tudo que penso.

Não quero ser exemplo pra ninguém. O que pensam de mim geralmente não condiz com o que realmente sou, tanto porque a timidez me impede de me apresentar de fato. Sou muito mais do que uma conversa de fila de banco, ou de trajeto no metrô, ou ainda que uma entrevista de emprego.

Quero apenas ter a mente tranquila. Poder explicar tudo aquilo que encontrarem sobre mim. Mas quero ter minha privacidade. Quero ter um quarto trancado com cadeado onde possa esconder certas coisas que ninguém possa saber ou conhecer. Coisas tão ítimas minhas que sequer viria a pensar no meio de outras pessoas.

Esse sou eu. Aliás, uma infinitésima minúscula parte de mim. Pois o eu completo nem eu mesmo conheço.

Seja bem vindo. Só não se perca ao entrar no meu infinito particular.