"Os Filmes sempre nos tocarão independente de sua época": Entrevista com Larissa Vereza #Mulheres2013




Larissa Vereza tem um currículo invejável. Atuou na novela Paraíso, trama de Benedito Rui Barbosa (Rede Globo), além de ter atuado em diversas outras novelas e filmes, como a novela "Os Mutantes", da Rede Record e o filme "Bezerra de Menezes: o Diário de um Espírito". Formada em Artes Cênicas pela Universidade Estácio de Sá - RJ - e especialização em interpretação para Cinema pela New York Film Academy, em Los Angeles, Larissa Vereza é dona de um carisma sem igual, além da competência profissional indiscutível. Assim como disse o roteirista canadense Michael Shandrick, Larissa tem um "carisma maravilhoso, que permite que seu rosto prenda nossa atenção na tela". Além de tudo isso, é filha do ator Carlos Vereza, ou seja, já nasceu com sangue artístico.

Larissa concedeu uma interessantíssima entrevista à este blog sobre cinema e suas influências. Veja:

Wesley Talaveira: Você acredita que o cinema exerce alguma influência sobre as pessoas? Qual? Larissa Vereza: Acredito que os filmes tem o poder de nos fazer refletir, mudar nossos sentimentos e pensamentos, mesmo que momentaneamente e quem sabe até, nos fazer mudar de opinião. O cinema geralmente reflete as angustias e pensamentos de toda uma sociedade, revelando idéias ocultas no consciente coletivo. Pessoalmente, sempre saio diferente depois de uma sessão de cinema. Sorrindo ou chorando, cantando... Enfim, acredito que mesmo que a pessoa mantenha um distanciamento, invariavelmente ela será tocada por alguma fala, algum olhar ou algum personagem.


O cineasta francês Jean-Claude Carrière afirma que, ao assistir um filme num cinema, o espectador se submete a uma “passividade voluntária”, por assistir o filme inteiro sem pausas, diferente da TV, onde o espectador pode, com o controle remoto, mudar de canal a hora que quiser. Você concorda com essa passividade? Concordo em termos. Ele não pode parar o filme, mas sem dúvida nenhuma, pode deixar a sala, trocar de sessão. A televisão com certeza precisa de mais empenho para ganhar a atenção do telespectador. Ela está ali, invadindo nossa vidas diariamente. O cinema não. O espectador escolhe sair de casa. Escolhe assistir a um determinado filme. Escolhe pagar o preço exorbitante do ingresso. Escolhe o seu assento.

Suponhamos que o mesmo filme passado no cinema fosse assistido em casa, porém sem intervalos comerciais. Haveria alguma forma de passividade? Quando escolhemos assistir a um filme, acredito que queiramos embarcar em uma outra realidade. Nos deliciar com outras vidas, dramas... Talvez esteja aí a passividade. Talvez a realidade esteja tão dura, o tempo tão escasso, que prefiramos embarcar por duas horas em aventuras, romances e tragédias ilusórias, para então, sairmos da nossa passividade cotidiana.

Carrière afirma que “a linguagem do cinema continua em mutação, semana a semana”, ou seja, um filme de 1950 se comunica de forma bem diferente de um filme de hoje. Se é assim, porque filmes antigos, como Chaplin, ainda agradam? A linguagem cinematográfica muda, mas filmes clássicos com os de Chaplin, continuam nos tocando profundamente, porque tratam de histórias universais. Histórias que independente da época em que vivemos, são iguais as minhas, as suas, as de nossos vizinhos. O vagabundo que ama, o menino abandonado, o trabalhador explorado. O posicionamento da câmera pode mudar, a edição, a música, mas acredito que os filmes sempre nos tocarão independentemente de sua época.

O cinema sofreu, ao longo dos anos, diversas transformações em sua forma de produção, montagem, cenas e etc. Carriére chama isso de “fluxo permanente”, no qual não é possível criar regras para a produção de um filme. Você acha que o cinema hoje continua se transformando? Claro. O mundo está cada vez mais conectado, veloz. Acredito que uma das principais mudanças que percebo nos filmes, é a forma com que são montados. As pessoas não têm mais paciência para cenas com silêncios, tempos, olhares. Parece que vivemos numa ânsia de informação, imagens. Estamos sempre atrasados, estressados. A arte sempre irá refletir uma geração, uma época. Com o cinema, não poderia ser diferente.

Como você analisa a produção publicitária no cinema? Acho que as produções poderiam ser mais ousadas, abusar mais da linguagem cinematográfica, adequando-se a um público já predisposto a novas ideias e formatos.

Dada sua experiência profissional, o que você poderia dizer aos que estão chegando no mercado profissional, seja ele publicitário oude cinema, no qual o conhecimento é imprescindível? Não se deixem abater pelas dificuldades. Isso é fundamental para qualquer profissão, especialmente as ligadas a arte. Não deixem seus sonhos serem desviados. Vejam o máximo de filme que puderem, leiam o que caírem em suas mãos. O livro, mais do que qualquer coisa, aguça nossa imaginação, nossa criatividade. Não acredito nessa história de que todos têm uma boa ideia. Boas ideias são preciosas. Se você as têm, não deixe ninguém lhe dizer o contrário e não permita que a falta de oportunidade lhe seja um empecilho.

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