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A interdependência que nos une: reflexões sobre a convivência em comunidade

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  "Não há ninguém que saiba fazer um lápis." Essa frase, cunhada por Leonard Read em seu ensaio "I, Pencil" (Eu, Lápis), pode parecer simples, mas revela uma profunda verdade sobre a natureza da sociedade humana. Nós somos fundamentalmente dependentes uns dos outros, e é essa interdependência que nos permite criar, prosperar e viver em comunidade. Quando pensamos em um lápis, podemos considerá-lo um objeto simples, mas sua criação envolve uma complexa rede de pessoas, habilidades e recursos. Desde a extração de grafite até a fabricação do papel, passando pela produção de madeira, tintas e outros materiais, cada etapa depende de especialistas, trabalhadores e empresas que contribuem para o resultado final. Essa realidade se estende para além do lápis. Tudo o que nos cerca, desde a comida que comemos até os carros que dirigimos, é fruto do trabalho coletivo e da cooperação. Ninguém pode reivindicar ser autossuficiente, pois cada um de nós depende de outros para satisf

O Tempo Está Passando, ou Porque Resolvi Retomar o Blog

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Já passam de meia noite do dia 02 de novembro de 2023. Tá, escolher o dia dos mortos para trazer algo de novo a vida é, no mínimo, bem incoerente. Mas fazer o que? Eu sou incoerente, mesmo. Sempre fui, e a essa altura da vida, acho que vou continuar sendo. Aliás, é a frase "a essa altura da vida" que me fez querer retomar o blog. Entrei aqui pra tentar reorganizar a cabeça e meus pensamentos, e comecei a reler o que já publiquei, os posts que estão nos rascunhos - tenho mais de mil posts nos rascunhos, alguns que já foram publicados e retirados, outros que nunca publiquei - e percebi que as coisas mudaram bastante nos últimos anos, pra mim e para o mundo.  Na página de apresentação do blog falo sobre meus CDs organizados na minha estante, mas agora, em 2023, quem ainda ouve CD? Eu mesmo, faz tempo que não pego nenhum dos meus pra ouvir. Quando quero uma música legal pego minha playlist no Deezer.  Quando comecei esse blog, há 16 anos, eu não tinha sobrinha, devia ter uns 10 q

Presidente Huck?

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Dificilmente Luciano Huck sairá como candidato a presidente em 2022. É uma empreitada para a qual ele não faz a menor questão de esconder que não está preparado. A falta de um partido grande o suficiente para compensar a militância inexistente (os grandes partidos já se movimentam com seus nomes, construídos há muito mais tempo), a exposição exagerada, a enxurrada de ataques pessoais a ele e a sua família, ter sua vida pessoal vasculhada pela mídia e pelos opositores, tudo isso e outros fatores o farão desistir do conforto de ser um apresentador da maior emissora de TV da América Latina - sem falar na diferença dos ganhos salariais. Assim como fez em 2018, Huck vai fazer mistério sobre seu nome apenas para ganhar mais relevância política e reforçar o peso do movimento Renova BR, do qual ele é o principal patrocinador, mas no momento certo vai sair da disputa para assumir os domingos da Globo no lugar do Faustão, que por motivos inexplicáveis não continuará na Globo em 2022.  Mas o disc

Trinta e Cinco

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  Por alguns momentos ao longo de todos esses anos eu achei realmente que eu não iria chegar ao dia de hoje. Achei que eu não iria durar tanto. E não, isso não é exagero nem estratégia para ganhar like. É fato, por motivos concretos. Em alguns momentos eu não queria chegar aqui; em outros tentei não chegar; e em alguns eu até queria, mas a saúde parecia que não ia me deixar. E depois disso tudo veio uma pandemia que fez não só eu, mas boa parte do mundo, achar que não chegaria vivo até aqui. Mas, contrariando todas as expectativas, principalmente as minhas próprias, eu cheguei.  Alcancei os 35 anos de idade.  E o que quero agora? Bom, com 35 anos nas costas não sou mais um moleque. Não vejo a vida como um mar de rosas, até porque agora já sei que a vida é cruel. O mundo é cruel. Abraço nessa vida a gente recebe só da mãe. O mundo dá porrada. A vida dá murro com soco inglês. Viver é um eterno puxar de tapetes existencial. E aí, aos 35 anos, eu tenho duas alternativas: aceitar que a vida

Nem Um, Nem Outro

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  Sabe por que as discussões políticas não vão pra frente no Brasil?  Porque a maioria dos que agora se opõem ao Bolsonaro não estão defendendo a democracia, a liberdade de expressão, o combate às fake news nem o direito às eleições.  Estão defendendo o Lula e o PT.  Se os mesmos ataques, se as mesmas barbaridades viessem do Lula e do PT, todos eles apoiariam. Assim como já apoiaram em outros momentos.  Lembra quando o Lula foi levado coercitivamente para depor na PF, que disse que o STF estava "acovardado" ?  Lembra dos ataques quando o mesmo Lula foi preso? Os mesmos gritos de "fora STF" foram usados. Lembra do Wadih Demous, na época advogado do Lula? Ele disse que "(...) nós temos de redesenhar o Poder Judiciário e o papel do Supremo Tribunal Federal. Tem de fechar o Supremo Tribunal Federal. Nós temos de criar uma Corte Constitucional de guarda exclusiva da Constituição e os seus membros detentores de mandato. Nós temos de evitar que gente como [o ministro]

A Minha Casa

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Você fez aquela viagem que vinha programando há alguns meses. Tudo é empolgante. Desde o momento do embarque no avião até a chegada ao local onde você pretende ter dias incríveis. Conhece gente diferente, visita pontos turísticos, conhece a história do lugar, frequenta as melhores baladas e bares, almoça com amigos, anda pela cidade, sente a simpatia e a receptividade das pessoas do lugar. Faz fotos ótimas que te farão recordar da viagem por alguns bons anos, e a cada vez que olhar as fotos vai se recordar com detalhes do contexto que a envolveu.  O que pode ser melhor que isso? Apenas a sensação de voltar pra casa.  Ao chegar em sua cidade, parece que o ar muda. Você já está acostumado até com a temperatura e o cheiro de poluição. Relembra as mesmas dificuldades para conseguir um taxi e não estranha a falta de simpatia do motorista, que simplesmente destrava o porta malas e deixa que você se vire com sua bagagem enquanto responde alguém no Whats App. Pega o trânsito de

Vocês pensaram que eu não ia falar da Anitta hoje?

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Sim, sou um admirador da Anitta. Meus alunos de espanhol, que já tiveram que cantar algumas das músicas dela, sabem bem disso 😆 Não sou fã, pois o fã me lembra o "fanático", que acompanha e se sente no direito de opinar na vida pessoal do artista. Eu, no máximo sei o nome real dela, Larissa. Por mim ela pode pegar o ex da Piovani, jogador de futebol, até o Sílvio Santos, se ela quiser. Isso é a vida pessoal dela.  O que admiro é o que eu chamo de "Marca Anitta", a forma como ela gerencia a própria carreira. Sem dúvidas, a Anitta hoje é um dos maiores cases de sucesso empresarial do Brasil, tanto que sempre é lembrada por publicações do meio empresarial, sempre é convidada para programas de TV que falam de negócios ou para eventos e palestras para empreendedores. Mais do que uma mulher que "só rebola a bunda" (uma bela de uma raba, diga-se de passagem 😉), a Anitta é inteligente, estrategista e sabe fazer dinheiro. Ouvi-la falando sobre o come

Algumas palavras sobre a Paula do BBB 19

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Fonte: Instagram Não vou fazer o hipócrita aqui e dizer que "não vejo porcarias da TV aberta" como fariam alguns pseudo-intelectuais de internet que se acham mais inteligente que todos os demais por terem lido algum dos livros de literatura brasileira da época da escola. Sim, assisti a alguns episódios do BBB 19, principalmente pela ideia original de acompanhar o comportamento de pessoas comuns privadas do convívio em sociedade. Por mais forçado que seja, ainda acho que, ao longo dos meses os participantes acabam sucumbindo à sua humanidade e deixam de jogar para serem quem realmente são. E acompanhei algumas das "declarações polêmicas" da participante Paula Von Sperling, a vencedora do programa. Sim, ela disse frases racistas. Sim, ela foi preconceituosa em vários momentos em relação a pobres ("favelado"). Sim, ela desprezou a militância política de esquerda reduzindo todo um discurso a um único partido ("deve ser daquele partido lá")

O que mudou em minha vida após participar do Método CIS

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Quem me segue em minhas redes sociais pessoais já sabe que entre os dias 22 e 24 de fevereiro estive na turma 199 do Método CIS - treinamento de inteligência emocional organizado pela Febracis - Federação Brasileira de Coaching Integrado Sistêmico. Na verdade, o evento é muito mais do que apenas um treinamento. É uma verdadeira vivência de coaching integraado sistêmico, com 55 horas divididos em três dias de muito conteúdo, muito impacto emocional, muito conhecimento.  Mas o que é o Coaching Integrado Sistêmico? Muito mais do que uma orientação de carreira ou de vida profissional, o CIS é um acompanhamento que engloba todas as áreas da vida, seja ela pessoal, sentimental, financeira e profissional. Para o CIS, não adianta ter uma carreira bem sucedida se as emoções não vão bem. A chance de tudo dar errado e se voltar à estaca zero são enormes. 76% das decisões que tomamos diariamente são tomadas com base no nosso emocional, e negar isso, ou tentar apenas forçar decisões

Eu, política, esquerda, direita & derivados

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Ao longo das eleições de 2018 escolhi não me pronunciar em relação à eleição presidencial, por ter amigos, familiares e gente querida com opiniões divergentes e respeitar essas opiniões, e principalmente, por ser a minha opinião completamente irrelevante para quem quer que seja. Então guardei apenas para mim e me reservei o direito de usar o voto secreto.  Mas as coisas mudaram bastante no Brasil.  A morte de Marielle Franco, ainda sem nenhuma explicação concreta, parece ser a ponta de um iceberg enorme, criminoso, cruel e nefasto. Jean Wyllys tem que ir embora do Brasil por ameaças sérias de morte contra ele, a mãe e o irmão. Essa semana fiquei sabendo que o pastor Ricardo Gondim, poeta, escritor, teólogo, filho de preso político da ditadura e líder da Igreja Betesda - um dos homens do nosso tempo que mais admiro - recebeu ameaças por telefone do tipo "a gente sabe fazer ele ficar quieto" minutos antes de subir ao altar da igreja para pregar seu sermão. 

Tenho 27 Anos e Não Morri

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Quando ainda era criança eu tinha uma visão de mundo totalmente diferente da que tenho hoje. Cresci vendo o mundo como uma grande fazenda onde Deus era o fazendeiro e nós meros animais comandados pelo grande fazendeiro. Mas aos poucos vi que essa fazenda era um pouco mais desorganizada do que de costume. Coisas saiam do controle, tragédias inexplicáveis colocavam esse "senhorio" de Deus em cheque. A explicação para tudo isso? "Deus quis assim". Deus quis? Que raio de deus é esse que vê gente morrendo, se dando mal na vida, se ferrando dia a dia e fica de braços cruzados, porque "ele quis"? Deus gosta de ver gente se dando mal? Aí depois me explicaram que não, Deus não quis, mas como ele ama ele preferiu sair de cena dos acontecimentos humanos para que tenha liberdade de amar e apoiar nos momentos difíceis, pois "quem ama não domina". Tá, muito bonito, muito poético, mas se eu não consigo contar com o apoio de quem eu vejo e vou contar com quem

O que é liberdade?

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Digamos que você está num talk show , tipo o do Pedro Bial (os outros nunca deixam o entrevistado falar muito), e ele lhe faça aquelas perguntas estilo “jogo rápido” antes dos comerciais, e uma das pergunta seja: “o que é liberdade?”. Você responde com um sorriso no rosto imaginando que a resposta seja fácil demais: “liberdade é fazer o que quiser, sem precisar dar satisfações a ninguém”. Ele sorri, gosta da resposta, e chama o intervalo comercial.  Mas será que liberdade é isso mesmo? Aliás, será que essa liberdade existe?  Se você trabalha você deve satisfações ao seu chefe / coordenador / supervisor, etc. Se “fizer o que quiser” na empresa você simplesmente será convidado a integrar o time dos que buscam recolocação profissional.  Se você é casado você deve satisfações ao marido / esposa, se é que deseja ter um relacionamento saudável. Se “fizer o que quiser” ganhará um divórcio, as vezes litigioso e demorado.  Se você é adolescente deve satisfações aos seus

Entrevista com Deus

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(Terminam os comerciais. Entra a vinheta de abertura do programa) Apresentador : Pronto, pessoal, voltamos! E agora voltamos com tudo, porque nosso convidado é mais do que especial! (Fala em tom de suspense) (Plateia) : oooooh! Apresentador : Sim, é isso mesmo! As coisas mais belas desse mundo e as maiores atrocidades humanas já foram feitas em nome Dele. Por causa dele pessoas mudaram suas vidas e outras mataram inocentes. Deus , Alá, Brahma, Senhor ou Jeová dependendo da religião, é talvez a figura mais controversa da história. Milhões de crenças no mundo pensam ter a fórmula correta para chegar a ele. Em nome dele igrejas são abertas diariamente. Líderes enriquecem e pessoas simples empobrecem. Para chegar ao nosso convidado as pessoas criam cultos, rituais, magias, caminhos e uma infinidade de formas de alcançar o divino. Mas será que é tão difícil assim esse contato? Nossa produção foi pesquisar, e o resultado é algo totalmente inesperado. Olha só! (Toca a vinheta

Silêncio também é música

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Imagine se numa orquestra todos tocassem o tempo inteiro juntos. Seria algo horrível de se ouvir! Já pensou trompetes com violoncelos, violinos com percussão, tubas e flautas, todos fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo? Arre, não quero nem imaginar.  Sabe o que faz da música algo agradável e magnífico? Sabe o que faz Mozart ser tão apreciado? Chopin ser tão aclamado? Villa Lobos estudado e seguido por milhares de jovens sonhadores? Não, não são os acordes bem escritos e pensados harmonicamente; não são as escalas desenhadas perfeitamente para aquele ou esse instrumento; não são os intervalos de terça, de quinta, que fazem o jogo de notas serem mais do que bolinhas pretas e brancas numa partitura; não são as expressões italianas que parecem fazer mágica ao marcarem mudanças de andamento tão sensíveis à audição; não é a mudança de um “ afetuoso ” para um “ agitato ”, ou de um “ cantabile ” para um “ scherzando ”; não, não é a mudança de compasso nem a armadura da clave, nem os

Igual a Todo Mundo

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As pessoas fazem de tudo para serem diferentes. Mudam visual, adotam um novo estilo, aderem à tribos. Até mesmo os mais “comuns”, os “normaizinhos” batem no peito para exaltar as características, mesmo que poucas, que os difere dos outros. Querem se destacar da multidão. Querem ser vistos com outros olhos, de um jeito especial. Alguns, na tentativa de se destacar dos demais, passam a vociferar palavras de ódio contra uma “sociedade morna”, que “faz tudo igual”. Atacam o “comportamento de boiada” e dizem que só os que são diferentes é que tem sucesso na vida. Querem por toda maneira serem reconhecidos por não serem iguais aos demais.  Eu não. Eu quero mesmo é ser igual a todo mundo.  Quero me sentar na mesma mesa de bar que todo mundo senta para beber a mesma cerveja que todo mundo bebe nas sextas-feiras à noite, como todo mundo faz. Quero rir das mesmas piadas sem graça que todo mundo ri. Quero comer os mesmos petiscos que todo mundo come. Quero ver o filme que todo mundo