Isabelle Bitencourt | Profissão Prostituta #2



Isabelle Bitencourt



Sim, meus amigos. O primeiro post da série especial Profissão Prostituta cumpriu seu papel: trazer à mesa de debate um assunto de importância tão grande, mas ainda ignorado pela sociedade: o trabalho das garotas de programa. Pra jogar mais luz e ouvir o ponto de vista de quem conhece do assunto melhor que eu, convidei a acompanhante Isabelle Bitencourt para uma entrevista curta ao blog. Ela, com uma simpatia muito maior do que eu esperava, aceitou participar e respondeu as três perguntas com tanta propriedade que impressionou até o pessoal da redação do blog. Cada frase da Isabelle é um tapa na cara da sociedade. Ela conseguiu resumir em suas respostas tudo aquilo que eu esperava com essa seção do blog: mostrar um outro lado do trabalho das acompanhantes, sem o glamour e a "vida fácil" que povoa o imaginário das pessoas. 

Segue:


Há quanto tempo você trabalha como GP? O que te levou a ser GP?Comecei como GP no ano de 2013. Trabalhei cerca de uns seis a sete meses nesse ramo. Assim como grande maioria das GPs, iniciei este trabalho pelo dinheiro. Nunca passei nenhum tipo de necessidade na vida, meus pais sempre trabalharam para que nunca me faltasse nada, mas não sou de família rica, não tive uma vida regrada a mordomias, mas mesmo assim não tenho o que reclamar da boa educação e criação que meus pais me deram. Quando comecei decidi me tornar uma GP, havia passado por algumas decepções amorosas, fui curtir a vida e um certo dia entre amigas conheci uma garota que era GP, confesso que fiquei um pouco assustada com a vida que ela me contou levar, mas também fiquei um de certa forma encantada pelo dinheiro e as coisas boas que ele proporcionava a ela. Entre conversas, um dia essa garota me indicou um cliente, sai com ele, me diverti e ainda recebi por isso. Achei que seria um dinheiro fácil e comecei a atender outros clientes que ela me indicava, em dois dias eu ganhava o que eu demorava 1 mês pra ganhar no meu trabalho civil, resolvi investir nisso e comecei a me tornar uma verdadeira profissional do sexo. Fiz ensaio de fotos profissional, criei um blog, me cadastrei em fóruns e percebi que aquele dinheiro não era um dinheiro fácil como eu imaginava no início, mas era um dinheiro rápido. Ainda sim continuei no meu outro emprego e conciliava o meu dia entre o trabalho civil durante o dia e os atendimentos como GP a noite. Nessa vida, acabei percebendo que alguns homens que pagavam pra sair comigo me tratavam com mais respeito do que aqueles que saiam comigo sem pagar e ainda saiam por ai me tratando apenas como um objeto do seco com o qual ele se divertiu por uma noite.. Então tive a conclusão que quando você é boa em algo, por que não cobrar por isso! Claro que nem tudo é só alegria, passei por situaçes difíceis como GP, mas o fato de ser uma GP não significa que eu tenho que aceitar tudo só porque estou recebendo por isso. Sempre deixei claro que o respeito deve estar acima de tudo, não importa qual seja a profissão, sou mulher como qualquer outra e mereço respeito! Em 2014 comecei a estudar e por conta do tempo não consegui mais atender meus clientes, trabalhava durante o dia estudava a noite, então decidi encerrar a minha carreira como GP. Em 2015 passei por uma situação em que precisava de um dinheiro para resolver algumas coisas e acabei recorrendo ao que eu já sabia fazer, tinha alguns clientes antigos com quem eu tinha um bom relacionamento e aos poucos fui retomando a minha carreira, larguei o trabalho civil e me dediquei novamente a vida de GP. Hoje continuo a minha faculdade, porém minha única fonte de renda é o trabalho como Acompanhante de luxo. 


Desde que você não passe por cima das pessoas e não seja desonesto nem com você e nem com ninguém, todo tipo de luta é válido para se vencer as batalhas da vida! Seja qual for a sua profissão. 
Isabelle Bitencourt, garota de programa 


Na sua opinião, o que leva um homem a procurar uma GP?A grande maioria dos meus clientes é formada por homens casados, quem tem uma vida estável com a esposa, porém tem a necessidade sexual de se envolver com outra mulher, pra sair um pouco da rotina com a esposa, ou as vezes está a muitos anos no casamento e o sexo já não é mais aquela coisa de antes. Porém o homem não quer terminar o casamento justamente por ter uma vida estável então ele resolve procurar uma GP para satisfazer as suas necessidades e tem a certeza que nós não vamos ligar no dia seguinte exigindo algo e até mesmo prejudicando o seu casamento. Existem também os clientes que são solteiros e estão a procura de novas aventuras, novas experiências. Ha vários motivos para um homem procurar uma GP, e acho que eles responderiam a essa pergunta melhor do que eu... rs Mas de um modo geral, acredito que todos querem apenas se divertir, ter um momento de prazer, muitas vezes querem sair daquela vida corrida e agitada e poder ter uma horinha para relaxar e esquecer dos problemas e porque não fazer isso transando? rs Nem todos os meus clientes querem apenas o sexo, muitos também querem conversar, querem um carinho diferente, uma campainha diferente. 


Isabelle Bittencourt


Você acha que a regulamentação da prostituição facilitaria seu trabalho?Acredito que a regulamentação nos daria alguns direitos, mas mesmo assim não facilitaria tanto as coisas, pois as pessoas que tem preconceito contra esse trabalho continuariam com a mesma opinião e pode ser até que isso gerasse um grande revolta nessas pessoas. A vida de uma GP não é fácil, você tem que lidar com vários tipos de pessoas, as que aprovam e as que te discriminam. Mas não deixa de ser um trabalho, eu cobro por aquilo que faço assim como um médico cobra por uma consulta, como um advogado cobra por uma defesa judicial. Eu reprovo todo e qualquer tipo de exploração, infelizmente existe a prostituição de crianças e adolescentes, que perdem a sua vida em beiras de estradas ou em casas, agenciadas por cafetões e que na maioria das vezes não tem a mínima noção do que estão fazendo. Eu sou acompanhante de luxo, entrei nessa vida com as minhas próprias pernas, trabalho sozinha e cuido eu mesma de tudo que é relacionado a minha exposição como GP, não vou bater na porta de ninguém para oferecer o meu trabalho, tenho uma página na internet e são os clientes que vem a minha procura. Embora alguns achem que GP só vive pra isso, não! Nós não vivemos apenas pra isso, temos família, problemas, vida social! Assim como qualquer outra mulher, também temos os nossos sonhos, nossos objetivos. Eu não pretendo ser GP para o resto da minha vida, tenho uma meta e assim que alcança la, irei encerrar os trabalhos como GP, e não porque eu ache que ser GP é errado, pelo contrário, admiro a coragem de todas, a forca de vontade e a determinação em correr atrás de seus objetivos de forma honesta! Ser acompanhante não é levar uma vida fácil como algumas pessoas pensam, lidamos com vários tipos de pessoas todos os dias, temos uma troca de energia muito grande, conhecemos muitas histórias de vida, há um grande cansaço físico, então não é uma profissão que de para levar pelo resto vida, até porque corremos muitos riscos. Mas, se você tem um sonho, lute por ele até o final! Desde que você não passe por cima das pessoas e não seja desonesto nem com você e nem com ninguém, todo tipo de luta é válido para se vencer as batalhas da vida! Seja qual for a sua profissão. Nunca diga nunca, hoje você pode julgar algo, amanhã você pode de alguma forma estar envolvido naquilo. A hipocrisia é algo que de fato, nunca vence.

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