Gostosa




Algumas ouvem o dia inteiro. Outras as vezes. Algumas, muito pouco. Outras ainda sequer sabem que a palavra tem outro significado não atrelado ao sabor de alimentos. Umas o são naturalmente, receberam esse dom como presente da natureza. Outras gastam alguns Reais em cirurgias para ficarem. Outras tentam com os batidos truques clichês das lojas de departamentos, como o sutiã de bojo ou a calça que "empina o bumbum" - puras propagandas enganosas. Umas recebem como elogio, gostam de ouvir isso mesmo que não assumam. Outras se ofendem, acham uma falta de respeito à condição feminina. Outras dariam tudo para serem chamadas assim, coitadas! As academias são uma espécie de "habitat natural", pois é impossível não encontrar pelo menos uma delas ali, livres, agindo naturalmente, apenas sendo o que são. Também é possível encontrá-las nas ruas, indo de um lugar para o outro, desfilando e exibindo-se, intencionalmente ou não. As vezes se vestem com a clara intenção de se mostrar. Outras tentam disfarçar com roupas largas e desconjuntadas, talvez pelo medo da reação de alguns marmanjos que não sabem a diferença entre admiração e perversão. Algumas usam as roupas das que são, mas como não são, acabam passando o ridículo de se expor com o mínimo de tecido possível e não ouvir nada diferente de "sai da frente". Não estão espalhadas no mundo todo, não. No Brasil as encontramos diariamente. Nos EUA é necessário procurar com um pouco de atenção. Na Europa são um pouco mais raras. Nos vizinhos latinos estão apenas nos programas de TV, exceto entre os hermanos, que também tem o privilégio de as tê-las em proporção igual a nós. As revistas masculinas as exploram. Alguns homens gostam - há os que não sentem nada ao vê-las. Algumas mulheres também gostam. A mídia as usa como forma de ganhar dinheiro. Não há, atualmente na TV, um único comercial de cerveja que não as explore. Alguns movimentos sociais fazem barulho contra essa exploração. Mas muitas delas nem se importam com isso. Gostam mesmo é de serem reconhecidas. 

É, ser gostosa é um conceito bastante confuso. 

Mas enfim, o que é ser gostosa?

Que me desculpem os discípulos de Carpinejar e Caio Fernando Abreu, que vivem de achar um "sentido maior" para tudo, mas ser gostosa não tem nada a ver com personalidade nem caráter. Essas são qualidades ligadas a outro conceito de mulher, não menos importante e não menos belo. Mas estamos falando de mulher gostosa. Para ser gostosa não é necessário ser meiga, doce, bondosa, amável nem nada disso. Ser gostosa é algo ligado única e exclusivamente ao corpo físico, e nada mais. 

Gostosa é aquela mulher que constrange. É aquela que faz os homens ruborizarem pelo simples fato de estarem presentes. Não há machão nem pegador que não se sinta um bobo em sua presença. É impossível não olhar seus atributos físicos. Aquela "conferida" é quase automática. Gostosa é a mulher de seios simétricos, grandes o suficiente para serem notado independente da roupa que ela use. É a mulher com a bunda perfeita, que parece ter sido desenhada previamente e pensada em cada detalhe, em tamanho e beleza tal que fica impossível não olhar e admirar, que harmoniza perfeitamente com a cintura. Gostosa é aquela mulher que mexe os quadris num movimento tão perfeito que parece dançar quando está apenas caminhando. Gostosa é a mulher de sorriso provocante. Aquela que chama um homem sem dizer qualquer palavra. É aquela que diz muito quando apenas balbucia com seus lábios grandes e cheios de desejo. É a mulher de olhos profundos, penetrantes, cheios de sedução. É a mulher que "veste para matar", mas que se veste assim porque tem o que mostrar. Seja de minissaia ou de calça, top ou blusa, uniforme de trabalho ou roupa de academia, é provocante e provoca nos homens os desejos mais profundos e primitivos. Gostosa é a mulher que sabe que é gostosa, e usa isso para atiçar ainda mais homens desconhecidos, que continuarão pensando nela pelo decorrer do dia, no mínimo. Gostosa é a mulher de "corpo violão", com curvas acentuadas que tornam a passagem de olhos um movimento espiral. Gostosa é a mulher que tem um corpo perfeito e sabe usá-lo para ser ainda mais atraente, ainda mais sedutora, ainda mais gostosa. 

Agora pense nessa mulher não como um brinquedo de loja de preço único nem como um objeto criado para satisfazer seu tesão reprimido, mas como uma obra de arte a ser admirada, como um quadro caríssimo que você olharia por horas, sabendo que aquilo tem um valor artístico tal e um preço tão alto que suas condições semi-miseráveis sequer te possibilitariam qualquer coisa a não ser admirar. É assim que um homem se sente diante de uma mulher gostosa. 

Agora vamos acalmar os ânimos das militantes feministas, que já devem estar à ponto de ter um AVC com tamanho desrespeito à mulher. Não, moça, isso não é desrespeito. Pelo contrário, é admiração. Uma mulher gostosa é algo para se admirar horas, dias. Ser gostosa é ser o máximo que nossa pobre humanidade permite numa mulher. Ser gostosa é, antes de tudo, a última instância da condição humana, ir até os limites entre o humano e o divino. 

Agora, uma coisa é certa: ser gostosa é um dos atributos da beleza, mas não é imprescindível. Algumas mulheres não tem qualquer dos traços de gostosidade (segura essa, Aurélio) citados acima e ainda assim são mulheres interessantíssimas, provocantes e instigantes. Algumas mulheres sem qualquer característica de uma gostosa são mulheres doces, belas, puras, de sorriso fácil e carisma cativante. Outras tem todos os atributos da mulher gostosa citados acima, mas são mulheres insuportáveis, intragáveis, irritadiças, de trato difícil, com quem fica impossível conviver mais do que alguns minutos. Burrice é pautar a personalidade de uma mulher pelo tamanho da bunda ou dos seios. Ser gostosa não faz uma mulher ser melhor que a outra. A torna apenas mais gostosa. Só isso. Umas são gostosas e outras não.  

Não é preciso ser bonita para ser gostosa. Nem é preciso ser gostosa para ser bonita. Você é bonita como é. 

Mas se for gostosa, ah, muda muita coisa!

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